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Igualdade Não Tem Cor!: Vidas Negras Importam

Foto: Divulgação

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* Juliano “Guly” Marchant

A luta anticapitalista é a luta contra a exploração e a discriminação do homem pelo homem, por isso, a luta da população negra é uma das causas defendidas pelo Juntos. Com esse intuito, foi criada em Porto Alegre, nesse mês de junho, a setorial de negras e negros do coletivo, Juntos! Igualdade Não Tem Cor. A nova setorial pretende impulsionar as atividades do coletivo na defesa da aplicação das cotas nas universidades públicas, na defesa dos territórios quilombolas, no resgate e valorização da história e cultura afro-brasileira e no combate ao racismo.

A história da população negra se confunde com a dos setores oprimidos da sociedade, o que infelizmente não é um acaso. O tratamento dado à população negra evidencia a exploração do homem pelo homem, umas das bases do processo capitalista. Tal prática foi realizada por 300 anos no Brasil com a concessão do Estado através da escravidão. Superado o período de exploração, os negros foram vitimados por mais um dos males causados pelo capitalismo, a exclusão social. O 13 de maio foi pintado por muitos historiadores e sociólogos como o fim de uma época nefasta da história brasileira, mas foi o início de uma fase de marginalização que deu origem às favelas, estereótipos, desvalorização social e cultural. Uma realidade que perdura até os dias de hoje.

No final de 2010, um passo para trás nessa luta foi dado ao ser aprovado o Estatuto da Igualdade Racial, de Paulo Paim, sem prever a titulação dos territórios quilombolas. Em 2012, contudo, foi dado um novo ânimo aos militantes com o reconhecimento das cotas como direito constitucional. A decisão deu caráter legal e valorizou o sistema que visa dar oportunidade de acesso ao ensino superior a quem sofre com um terrível processo de exclusão social e intelectual. A decisão favorável às ações afirmativas simbolizou uma significativa vitória do povo negro frente ao setor mais conservador da sociedade, representado na ocasião pelo partido Democratas (DEM). Além de admitir a marginalização realizada pelo Estado e a existência do racismo na sociedade brasileira. Ainda assim, outra ação de inconstitucionalidade, dessa vez ao decreto 4.887/2003, que regulariza as terras quilombolas, aguarda votação, tendo um voto já favorável, do ministro Cezar Peluso. Ação também proposta pelo DEM. O pedido de vista do processo da ministra Rosa Weber adiou a votação.

A coincidência das duas ações de inconstitucionalidade terem sido feitas pelo mesmo grupo político reforça a criação da setorial, por expor a necessidade de organização e fortalecimento da pauta do movimento negro dentro do Juntos! Pois estes são os mesmos que são contra o aborto e o casamento civil igualitário e a favor do código florestal, ou seja, defendem a exploração pelo sexo, gênero e cor.  Se em 2011 ocupamos as praças, em 2012 ocuparemos, também, os quilombos, as universidades e o que for necessário para a construção de uma sociedade mais justa e sem racismo, pois vidas negras importam.

*Juliano é militante da Setorial de Negros e Negras do Juntos!RS e do DCE da UFRGS

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