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Escritor Rogério Newton lança livro na UESPI de Oeiras nesta quarta-feira,04

Foto: Divulgação

 Foto: Divulgação

O escritor oeirense Rogério Newton lança nesta quarta-feira, dia 04, às 20:00 horas, o livro de poemas A Outra Face, dentro da programação da V Semana de Letras da UESPI, Campus Possidônio Queiroz, em Oeiras (PI). O livro será vendido na noite de autógrafos ao preço de 20 reais. É o oitavo livro individual do autor e seu segundo de poesia.
 
O que é A Outra Face? É um livro de poemas de versos curtos e livres, portanto inserido na tradição da moderna poesia brasileira, cuja ruptura explícita com o passado e renovação da literatura e da arte brasileiras deram-se com a Semana de Arte Moderna, ocorrida em São Paulo, em 1922.
 
Rogério Newton se considera um autor filiado ao modernismo brasileiro, que, como ele mesmo ressalta, é “um projeto em curso”, que ainda hoje existe na cultura brasileira, não só na literatura e na poesia, mas nas artes plásticas, música, escultura, cinema etc. Rogério menciona a Antropofagia e a Tropicália como fecundos movimentos artísticos inseridos na linha dissidente e inventiva da cultura brasileira.
 
A modernidade – ou contemporaneidade – de A Outra Face convive com a memória recortada da vida familiar do autor e a memória social expressa nas ruas históricas de Oeiras e nos riachos que existem (ou existiam) na cidade. “É um livro que se assenta na memória”, diz o autor, mas uma memória transfigurada pela subjetividade poética.
 
Há uma tríade temática que sustenta o livro (A Casa, A Rua, O Rio) e lhe dá sentido de estruturação orgânica. No poema de abertura, sem título (aliás, o autor não coloca título na maior parte dos poemas), Rogério como que parodia o Poema de Sete Faces, de Drummond, e faz sua “certidão” de nascimento poética.
 
O conteúdo poético de A Casa remete não à construção física da casa da família, onde o escritor nasceu e viveu sua infância e começo da adolescência. É o “centro imaterial” situado na gênese e na intimidade de sua existência poética.
 
Por sua vez, A Rua recebe o olhar às vezes compassivo, às vezes inconformado do autor, mas sempre lírico. Esse olhar (ou olhares), por serem poéticos, fazem seus próprios intinerários em ruas, becos, praças, edificações, fatos históricos e tipos humanos caros à memória social de Oeiras, mas que transcendem ou se emancipam das visões rasas e dos lugares-comuns.
 
“As ruas de minha cidade / oferecem a outra face”, afirma o autor num poema também sem título. Isso talvez possa remeter a uma ambiguidade de significados ou a uma polissemia (vários significados convivendo ao mesmo tempo).
 
O Rio é a parte do livro com menor número de poemas. Isso pode significar que o poeta conviveu menos com as águas da cidade do que com a Casa e a Rua? É uma hipótese. Porém, é preciso advertir o leitor que, em poesia, nem sempre tamanho e quantidade são documentos. Até porque a força poética de O Rio talvez resida numa economia de palavras para expressar poeticamente as memórias do autor vinculadas aos riachos que atravessam a cidade (“o fio de água vence o escárnio / corta a carne da cidade”). Mas é também um lamento poético, não envolto em saudosismo, que, aliás, o autor detesta, mas em lirismo participativo.
 
“Provai todos / em som e súplica / o sal destas palavras”, diz Rogério Newton no poema A Profanação do Morro da Cruz. Essa parece ser a síntese do convite poético de A Outra Face, que conduz o leitor à terceira margem, onde lhe esperam um anjo que “desembainha a espada”, ruas que “soletram enigmas” e palavras “semeadas pela chuva”.
 
 

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