A escravizada Esperança Garcia ganhou título simbólico de primeira mulher advogada do Piauí. A decisão ocorreu nessa quinta-feira (27) durante sessão ordinária do Conselho Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil. O requerimento de concessão do título foi feito pela Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB-PI, presidida por Maria Sueli Rodrigues de Sousa.
Esperança Garcia foi uma mulher escravizada que viveu na região de Oeiras, na fazenda de Algodões, cerca de 300 km de Teresina. Sua história se destaca por sua coragem em ter denunciado os maus tratos sofridos por ela, suas companheiras e filhos, por meio de uma carta ao governador da Capitania de São José do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro. A petição é datada de 06 de setembro de 1770.
“Precisamos tirar a Esperança Garcia da obscuridade. Devemos trazer sua história para frente das lutas e usá-la como referência. Conceder o título de advogada a essa figura tão importante contribui para o empoderamento das populações negras atuais”, disse Maria Sueli, que destacou o valor da história da Esperança Garcia.
A vice-presidente da Comissão, Andreia Marreiros, parabenizou a iniciativa do Conselho Seccional:
“Esperança Garcia é o símbolo de resistência na luta por direitos humanos, especialmente para as mulheres negras que formam a base da pirâmide da desigualdade, seja de raça, gênero ou classe. Nós da Comissão estamos felizes em poder presenciar esse feito”.
Relatora do processo, a conselheira seccional Ana Carolina Magalhães Fortes destacou a importância da concessão do título simbólico, bem como da visibilidade ao ato heroico de Esperança Garcia:
“Essa decisão é de extrema importância para que a história de luta e de resistência não só do povo, mas da mulher negra seja reconhecida. Além disso, é uma forma de reparação aos abusos sofridos por parte da população negra na época do período colonial”, declarou.
Título reconhece a importância de Esperança Garcia no cenário nacional
“A OAB Piauí reconhece hoje o protagonismo desta importante figura do cenário colonial, por meio da concessão do título da primeira mulher advogada do Estado. O ato do Conselho Seccional representa a contribuição para a visibilidade da Esperança Garcia perante não só o Estado do Piauí, mas do país, pois ela representa o valor da luta e da resistência da mulher negra”, completou o presidente Chico Lucas.
Emanuel Vital
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