Receber notificações
  Facebook
  RSS
  Whatsapp

Morre aos 89 anos Antônio Carlos Valentim, fundador da 1ª Igreja Batista de Oeiras

Antônio Carlos Valentim viveu 89 anos, sendo 70 deles casado com Maria José Valentim.

Foto: reprodução mural da vila

 Foto: reprodução mural da vila

A família Valentim com muito pesar se despede de Carlos José Valentim, popularmente conhecido por todos como ANTÔNIO CARLOS VALENTIM, que morreu, nesta quinta-feira, 16, em Oeiras, aos 89 anos.

Antônio Carlos faleceu no Hospital Deolindo Couto, onde estava internado na UTI desde o dia 11 de março para tratamento de uma pneumonia, e na manhã desta quinta-feira sofreu uma parada cardíaca.

Antônio Carlos era casado há 70 anos com Maria José Rodrigues Valentim, com quem teve os filhos: Francisco Carlos (Assis), Carlos Amado, Carlos Jônatas, Carlos David e Carlemita. Tem mais três filhos adotivos: Raimunda, Lameck e Betinha. Deixa 24 netos e 12 bisnetos.

O velório acontecerá em um primeiro momento em sua residência, situada a Rua Professor Rafael Farias, e depois será velado na sede da Primeira Igreja Batista. O sepultamento será no cemitério Campo da Esperança na manhã desta sexta-feira, 17.

QUEM FOI CARLOS JOSÉ VALENTIM



Para muitos este nome não remete a um dos homens dono de uma das mais belas histórias de vida de Oeiras. Mas ao falar Antônio Carlos Valentim, todos saberão de quem se trata. É quase impossível ser um oeirense e nunca ter ouvido falar neste homem que muito contribuiu para a história de Oeiras, que ficou conhecido como Antônio Carlos Valentim.

Negro, de origem simples, construiu um patrimônio, formou uma família bem sucedida, desafiou os padrões religiosos da época, ao fundar a Primeira Igreja Batista numa cidade em que o catolicismo sempre foi a religião predominante.

Morou no estado de Goiás e ao retornar a Oeiras, trabalhou como carvoeiro, e assim conheceu o casal de americanos, Dr. Robertt Tillotson e sua esposa Margarett em 1956, missionários da Igreja Batista, que estavam na região num trabalho de expansão da igreja. A sua vivência em outras cidades fez com que aprendesse diversas atividades, dentre elas, mecânica de automóveis. Como o casal americano possuía um veículo, ele passou a trabalhar com eles. Esta proximidade com os missionários também o aproximou a denominação religiosa e assim, tornou-se o primeiro evangélico de Oeiras, encontrando muita resistência, por ser uma cidade tipicamente católica, chegando a ser apedrejado por ocasião de um culto realizado em praça pública.

Fundou o ponto chick e o Palácio das Conservas e posteriormente a Padaria Brasil que foi a grande referência em panificação em toda região de Oeiras. Seus pães, bolos, bolachas e a famosa bolacha mata-fome e outras iguarias eram vendidos para toda a região do território Vale do Canindé. A padaria cresceu e foi sucesso por 40 anos. E como abria sempre às 3h da manhã, a Padaria Brasil era o "point" daqueles que voltavam das festas na madrugada.



O sucesso como empresário lhe rendeu um convite para ingressar na vida pública. Inicialmente foi convidado a ser candidato a prefeito, não aceitando e disputando as eleições de 1970 ao cargo de vereador, sendo o mais votado. Todavia sua carreira política foi curta. Não concordando com algumas decisões e decepcionado com o meio, renunciou ao mandato e não teve mais interesse pela disputa a cargos eletivos. Mesmo fora da política, passou a atuar em alguns setores, contribuindo para a instalação da empresa telefônica e foi um dos fundadores da Associação Comercial de Oeiras ao lado de outros empresários, como o seu grande amigo José da Luz Coelho.

Dono de muitas histórias e possuidor de um bom humor, Antônio Carlos é conhecido por suas tiradas e contos engraçados. Ele sempre foi um apaixonado por animais. São famosos os cachorros da sua casa, onde também criava diversas espécies. Mas o que pouca gente sabe é que na década de 70 ele chegou a criar duas onças em sua residência, que morreram por problemas intestinais. Também possuía uma vaca, que também morreu com problemas intestinais devido a alimentação. Em vez de alimentar o animal com ração ou capim, a alimentava com pães, biscoitos, pêtas e outros produtos da padaria.

Carlos José Valentim construiu uma história de sucesso. É um homem vencedor, e colheu os frutos do seu trabalho vendo o sucesso dos seus filhos e netos. Sempre priorizou o estudo dos filhos, proporcionando todas as condições para a sua formação. Um homem firme, honesto, sério, muitas vezes austero, dono de uma retidão de caráter rara para a sociedade hodierna. A sua história de vida inspira e é referência para muitos. No meio evangélico é um paradigma para a Igreja Batista não só em Oeiras, mas em todo o Piauí. Sempre alegre, gostava de estar entre amigos e familiares. Por algumas vezes, seu Antônio Carlos reunia em sua casa a sua família e amigos no dia 13 de maio, para comemorar a ?libertação dos escravos?, em um evento em que aconteciam apresentações de danças típicas do povo negro, como baião, lezeira, dentre outras, manifestações estas que se perderam com o tempo.

Antônio Carlos Valentim viveu 89 anos, sendo 70 deles casado com Maria José Valentim, um casal sempre presente, atentos a família e amigos, conversando, orando, intercedendo a Deus, orientando, aconselhando. Foram 70 anos de união, uma lição sobre vida, amor, respeito e tolerância.

 

Fonte: Mural da Vila

Mais de Necrológico