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Artigo: "Negros no Brasil"

Divulgação

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A grande polêmica sobre a questão racial no Brasil ainda está longe de acabar. Passados 127 anos da abolição da escravidão, a discussão em torno da disparidade entre brancos e negros no país, é sempre atual. Ainda mais, quando os indicadores revelam que pouco mudou para a sociedade negra brasileira mesmo tendo transcorrido tanto tempo.

 

Os afro-descendentes sempre tiveram os piores indicadores sociais. Aquele que atravessou o Atlântico em porões escuros e fétidos, para servir de mão de obra escrava, aqui chegou, e logo formou o pilar de sustentação econômica do Brasil pela sua força de trabalho, porém, excluída do seio social. A questão atravessou séculos, e estes continuam como os menos favorecidos.

 

Claro que em tempos de mudanças e aberturas políticas mundiais, é mais que normal terem acontecido avanços em favor dos afro-descendentes. No Brasil elas se fizeram mais em torno de leis, como o estatuto da igualdade racial, cotas para negros nas universidades públicas, a Lei no 10.639, que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira". No entanto muitas destas leis não saíram do debate político. São simplesmente, leis.

 

Ao analisarmos os indicadores sociais brasileiros, fica visível que o longo processo de intensa exploração dos negros resultou numa desigualdade de distribuição de renda, oportunidade e escolaridade, entre as etnias que formam o povo brasileiro.

 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 46, 2,% da população brasileira é branca. Os pardos representam 45,%, os indígenas correspondem apenas a 0,6%. Enquanto que os negros brasileiros são 7,9%.

 

Fazendo um paralelo entre brancos e negros, constata-se uma discrepância. Por exemplo, a taxa de analfabetismo para os negros é de 14,4%, pardos 13% contra 5,9% dos brancos. No quesito renda, os negros continuam em desvantagem, sendo que a renda média dos brancos é o dobro da dos que se consideram negros. No tocante a escolaridade, os números revelam que os negros estudam em média 7,2 anos, contra 8,8 anos da população branca. Mesmo assim, a taxa de analfabetismo entre os negros (11,5) é mais de duas vezes maior que entre os brancos (5,2).

 

Dessa forma, o Brasil é um país onde os negros são em sua maioria, pouco escolarizados e de baixa renda. Se hoje o país ostenta uma posição não muito confortável no ranking dos indicadores sociais mundiais, é necessário que seja corrigida mais que urgente essas diferenças, caso contrário o Brasil sempre sustentará o posto de país de grandes desigualdades sociais.

 

Percebe-se, portanto que a questão racial brasileira é muito maior que uma questão de correção de diferenças étnicas. É acima de tudo, um fator primordial para assegurar ao país um posto de nação capaz de oferecer uma boa qualidade de vida para todo seu povo indistintamente de ser maioria ou minorias.

 

 

*Emanuel Vital de Sousa é professor de geografia em Oeiras.

Emanuel Vital

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