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Inclusão Social e a Transformação pela Literatura: Um Caminho para uma Sociedade mais Justa

Professora GIRLENE LIMA TAPETY. Foto: reprodução

 Professora GIRLENE LIMA TAPETY. Foto: reprodução

As escolas, nas últimas décadas, têm se voltado para a importância da Inclusão Social, abordando questões que envolvem etnias, orientações sexuais, deficiências e outros marcadores. A Inclusão Social é o processo que visa melhorar as condições para que indivíduos e grupos participem plenamente na sociedade, indo além da pobreza, considerando marcadores como raça, etnia, sexo, religião, local de residência, status de deficiência, idade e orientação sexual, que frequentemente excluem as pessoas de oportunidades e processos sociais.

A Inclusão Social busca capacitar pessoas marginalizadas e pobres para aproveitar oportunidades globais em expansão, garantindo que tenham voz nas decisões que afetam suas vidas e igualdade de acesso a mercados, serviços e espaços políticos, sociais e físicos. Os termos "inclusão social" e "exclusão social" são comuns em iniciativas governamentais e pacotes de financiamento, sendo que "inclusão social" se opõe a "exclusão social" e requer ações positivas para mudar circunstâncias e hábitos que causam a exclusão, permitindo que pessoas e comunidades participem plenamente na sociedade.

A Inclusão Social é o ato de fazer todos os grupos se sentirem valorizados e importantes na sociedade, baseando-se no pertencimento, aceitação e reconhecimento, promovendo a igual participação em instituições econômicas, sociais, culturais e políticas.

Nesse sentido, a escola precisa estar comprometida de envolver o aluno em uma consciência sobre o sentido de exclusão e inclusão. A escola tem, por exemplo, que envolver o aluno em leituras que proporcionam conhecimento e discernimento sobre posturas diante a situação do índio e do negro. A literatura é um recurso de transformação muito importante, pois desperta consciência crítica e até mesmo revoluciona.

 A escola desempenha um papel fundamental na promoção da inclusão social, mesmo que seja um assunto delicado, considerando as diversas realidades e histórias encontradas na escola. A literatura desempenha um papel importante nesse processo, despertando consciência crítica e transformando as percepções dos alunos.

O escritor Daniel Munduruku, por meio de seu livro "Das coisas que aprendi," oferece pistas sobre a cultura de seu povo e aborda como os indígenas são percebidos, ou muitas vezes ignorados, na sociedade. Na introdução da obra, no texto intitulado "Palavra Essencial," o autor conduz o leitor a um espetáculo de palavras, dizendo-nos: "quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça." A audição é um dos sentidos primordiais para adentrar a floresta "Munduruku." Saber ouvir é o caminho que nos leva a entender o que a natureza comunica e a estabelecer uma comunicação com ela. Ao ler este livro, os leitores têm a oportunidade de conhecer uma parte da visão desse escritor excepcional, permitindo-nos mergulhar em sua percepção do mundo, compreender sua construção cidadã e a forma de vida dos Munduruku. Além disso, a obra desafia e enriquece a perspectiva que muitos de nós temos dos povos indígenas no Brasil.

Além disso, é fundamental mencionar a literatura da escritora Kiusam de Oliveira, que direciona seu olhar ao processo de construção de identidades infantis e juvenis saudáveis. Ela se empenha em contribuir para a promoção de uma educação antirracista e o empoderamento feminino. As obras de Kiusam de Oliveira são notáveis por sua representação vívida e lúdica do universo africano e afro-brasileiro, e têm como propósito envolver e cativar a atenção de crianças de todas as origens étnicas e idades. Sua abordagem reflete um profundo respeito e valorização da alteridade.

Observa-se pois, a relevância dos escritos de autores como Daniel Munduruku e Kiusam de Oliveira, pois seus textos são carregados de intenções e propósitos claros. Essas obras destacam como o letramento dos indivíduos desempenha um papel fundamental na transformação da sociedade, abrangendo esferas políticas, econômicas e sociais. É imperativo reconhecer que mutilar uma sociedade de educação, conhecimento e cultura é um equívoco, uma vez que esses elementos constituem o cerne do desenvolvimento humano e social de forma abrangente. Através da literatura, o ser humano afina seu olhar em direção à realidade que o cerca. Ela não apenas contribui para a formação de leitores críticos, mas também para o desenvolvimento integral do indivíduo, indo além do aspecto intelectual, possibilitando sua emancipação em todos os sentidos.

Portanto proporcionando uma educação pública de qualidade, oportunizando o aluno muitas vezes excluído, à margem, estaremos incluindo-o e dando oportunidades de mudanças de sua realidade. Finalizo com uma fala de Daniel Munduruku “É possível sim ser cada vez mais humano e a literatura, sobretudo, as histórias são bons instrumentos para esse intento”.

 

PROFESSORA: GIRLENE LIMA TAPETY é: GRADUADA EM LETRAS PORTUGUÊS E PEDAGOGIA (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ), ESPECIALISTA EM LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO (UNIVERSIDADE FEDERAL) E GESTÃO EDUCACIONAL.

 

 

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