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Ecologia urbana de Oeiras: por que ocorrem alagamentos? Por; Rogério Newton

Ruas de Oeiras alagadas após forte chuva. Foto: reprodução

 Ruas de Oeiras alagadas após forte chuva. Foto: reprodução

A forte chuva que caiu em Oeiras na última segunda-feira, dia 08, serviu, entre outras coisas, para demonstrar a vulnerabilidade ambiental da cidade, sobretudo no que diz respeito aos alagamentos que atingem cada vez mais bairros.

O problema cresce em magnitude e está vinculado à falta de planejamento da expansão urbana, à ausência de equipamentos adequadas ao escoamento das águas e à escassez de arborização na cidade.

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A cidade cresce com significativo número de loteamentos e construção de residências e casas comerciais em locais sem estrutura para recebimento de novas construções. Em geral, as novas construções em loteamentos ou fora deles ocorrem em verdadeiro “laissez faire”, quer dizer, em total liberdade, o que, muitas vezes, leva ao desprezo por regras fundamentais de urbanismo.

Fácil entender que um eficaz sistema de escoamento das águas pluviais é fundamental para evitar inundações. Mas é preciso lembrar que a arborização da cidade é igualmente importante, como também do seu entorno.

De uma forma geral, são três as destinações das águas das chuvas:

Primeira, parte das águas das chuvas fica retida no solo e penetra nele alimentando o lençol freático (que alimenta as nascentes) e o manancial artesiano (que abastece os poços perfurados pela ação humana).

Segunda: parte das águas escorre na superfície do solo. Em solos excessivamente pavimentados (como em geral são os das cidades) ou com escassa vegetação, as águas não penetram no solo. Isso favorece a concentração de água nas partes mais baixas do relevo, o que dificulta o escoamento pela superfície, provocando enxurradas.

Terceira: outra parte significativa das águas das chuvas fica retida nas raízes e na folhagem da vegetação.

 "A cobertura vegetal do solo e as raízes das plantas são os principais agentes responsáveis pela infiltração da água no solo", afirma Dr. Fabiano Alvim Barbosa, professor do Curso a Distância CPT Tratamento de Água e Esgoto na Propriedade Rural, em Livro+DVD e Curso online.

No caso específico da forte chuva e das inundações verificadas na última segunda-feira, dia 08, em Oeiras, não é difícil perceber a escassa proteção arbórea dos trechos alagados e da cidade como um todo. Por outro lado, é igualmente notável a excessiva pavimentação, por meio de calçamentos, asfalto, concreto e outros materiais que impermeabilizam o solo e favorecem a concentração de água nas partes mais baixas do relevo. A impermeabilização também contribui para aumento da temperatura ambiente, porque os materiais usados retêm calor. A cidade nunca teve um plano de arborização urbana.

Oeiras tem que se preparar através de planejamento de sua expansão, arborização em quantidade e qualidade e construção de equipamentos necessários ao escoamento das águas. O Município é quem deve exercer esse papel, através dos órgãos que compõem a administração municipal. A sociedade também deve cumprir sua parte. Não se trata de um desafio apenas para o governo.

O construir de uma cidade implica em um destruir.  Mas o construir e o destruir são termos da mesma equação, que precisa ser resolvida, e isso só se dará com aceitação de uma coisa chamada ecologia urbana, na qual a arborização, entre outros fatores, ocupa lugar fundamental.

Sem a devida consideração pela ecologia urbana, uma das consequências mais visíveis e nefastas são os alagamentos, como os verificados na última segunda-feira.

 

*Rogério Newton é poeta, escritor, ambientalista e Defensor Público aposentado.

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