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Na terra do sol do equador, ventos geram energia e impulsionam economia no semiárido

Atualmente, o Piauí possui o maior parque de energia eólica em operação na América do Sul

Foto: montagem folhadeoeiras

 Foto: montagem folhadeoeiras

Energia renovável é a designação dada a recursos naturais como o sol, vento, água, biomassa, entre outros que são utilizados na geração de energia. Esses recursos, por serem inesgotáveis, renovam-se constantemente e a sociedade é beneficiada com seu uso no setor elétrico e térmico, além de serem essenciais para a redução da emissão de gases que causam o efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), responsáveis pelo aquecimento do planeta. 

O impacto ambiental advindo de energias renováveis é significativamente menor quando comparado com fontes não renováveis, tais como os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral, por exemplo). Além disso, devido ao fato dos recursos naturais estarem presentes em toda a superfície terrestre, nota-se a ampla utilização das energias renováveis para a geração de energia elétrica e térmica. É nesse cenário que o Brasil se torna referência mundial na geração de energia limpa com ênfase para solar fotovoltaica e eólica com destaque para estados da região nordeste.

Com a força do vento, um aerogerador, que corresponde a uma turbina eólica transforma a energia cinética das correntes de ar em energia elétrica. Trata-se de uma energia renovável por ter a capacidade de ser reposta naturalmente no meio ambiente.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, o Brasil tem, atualmente, capacidade de produzir 22.000 MW de energia eólica e somente a região Nordeste é responsável por 20.000 MW, ou seja, mais de 90% da produção nacional. São 828 parques eólicos em operação no país, sendo 725 parques no Nordeste.

O esforço brasileiro em liderar o desenvolvimento de energia limpa e renovável como eólica, solar e hidráulica visa substituir matrizes energéticas de combustíveis fósseis, como o carvão e o gás natural que são altamente poluidoras.

 

 


Nordeste bate recorde na produção de energia eólica

 

A geração de energia a partir dos ventos tem uma característica sazonal ao longo dos meses do ano. No período seco, os ventos da região Nordeste propiciam uma maior geração eólica em relação aos meses do período úmido. Como a capacidade instalada de geração eólica vem crescendo ano após ano a cada “temporada dos ventos”, os recordes de geração eólica instantânea têm sido alcançados.

A região nordeste é a maior responsável pela produção de energia limpa do Brasil. Os maiores potenciais de ventos estão localizados na parte setentrional do Nordeste, representando ventos com grande velocidade, unidirecionais e estáveis, de acordo com o Ministério de Minas e Energia. O fator de capacidade médio verificado para as usinas eólicas do Nordeste no período de maio/2021 a abril/2022, foi de 39,8%, enquanto, no mesmo período, para as usinas eólicas da região Sul do país, foi de 33,8%.

Durante esse período, os estados brasileiros que mais geraram energia eólica foram a Bahia, o Rio Grande do Norte, o Piauí e o Ceará. Somados esses estados representaram aproximadamente 84% da energia total gerada por essa fonte no período citado.

Para se ter uma ideia desse potencial energético, o Ministério de Minas e Energia apontou que durante a temporada de ventos de 2022, o Brasil registrou no mês de julho do referido ano, o primeiro recorde de geração eólica instantânea. O recorde foi registrado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), quando a fonte foi responsável por produzir 14.167MW de energia, o que é suficiente para atender toda a região Nordeste, durante um minuto, e ainda restar um excedente de mais de 23,2% do total da energia produzida.

De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, somente em 2022, o Brasil pode ter tido acréscimo de 2.900 MW de energia eólica na matriz energética nacional, consolidando-a como a segunda maior fonte de energia do país.

 

Fonte: ANEEL/ABEEólica

 


No verso do poeta, um Estado rico na geração de energia limpa

 

Localizado no semiárido nordestino, o estado do Piauí é reconhecido pela natureza do clima semiárido e suas temperaturas elevadas. Essas caraterísticas se devem à sua posição geográfica. O estado está a apenas 2º 44’ 33” ao sul da linha do equador, assim recebendo abundante luminosidade solar o ano inteiro, tornando o território piauiense rico em potencial gerador de energia solar, limpa e renovável. Visionário, o poeta Da Costa e Silva escreveu em 1923 verso do hino estadual, "Piauí, terra querida Filha do Sol do Equador", na segunda década do século XX o ilustre escritor já designava seu torrão natal com futuro promissor na produção de energia renovável.

O destaque do Piauí em potencial gerador de energia renovável não é unico, a força dos ventos também tem feito do estado nordestino referência no Brasil e em toda América do Sul. Prova disso é o funcionamento do maior parque eólico da América do sul em terras piauienses. Obtida a partir da força do vento, a energia eólica é uma fonte de energia limpa, renovável, alternativa, abundante e com baixo impacto ambiental. Devido às condições climáticas e territoriais, o Brasil apresenta um grande potencial de produção eólica posicionando o país como um dos maiores atores no combate ao aquecimento global.

Segundo dados da Secretaria de Mineração, Petróleo e Energias Renováveis do Piauí, o estado abriga hoje o maior parque solar da América do Sul, o Nova Olinda, localizado no município de Ribeira. Junto a mais dois parques nas cidades de João Costa e São João do Piauí são produzidos 270 megawatts.

O empreendimento energético abrange uma área de 690 hectares, com capacidade instalada total de 290 MW e vai gerar aproximadamente 600 GWh por ano, o suficiente para atender às necessidades anuais de consumo de energia de cerca de 300 mil lares brasileiros, evitando a emissão de aproximadamente 350 mil toneladas de CO2 para a atmosfera.

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a potência das usinas de energia fotovoltaica instaladas em território piauiense passou de 1 GWH, ou 1.033,76 MWh tornando o Piauí líder, em todo o Brasil, na capacidade de produção de energia solar.

 

Projeto de energia solar em São João do Piauí (Foto: Celeo Redes Brasil)

 


Lagoa dos ventos, no Piauí o maior parque eólico da América do Sul

 

Parque Eólico Lagoa dos Ventos. Foto: Portal WSCOM / Revista NORDESTE

 

Atualmente, o Piauí possui o maior parque de energia eólica em operação na América do Sul. Localizado nos municípios de Lagoa do Barro do Piauí, Queimada Nova e Dom Inocêncio, o complexo Lagoa dos Ventos possui 230 turbinas eólicas em atividade.

Considerado o maior complexo eólico operado pela Enel Green Power, o empreendimento teve sua construção iniciada em fevereiro de 2019 e orçada em 3 bilhões de reais. Também chamado de Parque Eólico Lagoa dos Ventos, é um conjunto de parques eólicos localizado no estado do Piauí que possui uma capacidade instalada operacional de 716 Megawatt, com outros 396 MW em construção.

O projeto entrou em operação em junho de 2021, contando com 230 turbinas eólicas capazes de gerar mais de 3,3 TWh por ano, o equivalente ao consumo de 1,6 milhão de residências brasileiras. Uma segunda fase do projeto está em construção: o Parque Eólico Lagoa dos Ventos III. Este contará com 396 MW de capacidade instalada e custará um total de 360 milhões de euros.

Devido seu grande potencial na geração de energias renováveis. O Piauí, hoje, é destaque tanto na geração de energia solar quanto eólica. As condições favoráveis do vento, levaram a geração de energia por fonte eólica a bater recordes nos últimos anos. O complexo Parque Eólico Lagoa dos Ventos, por exemplo, possui 230 aerogeradores em operação e com a expansão do parque, estão sendo erguidos mais 72 aerogeradores, ao todo o complexo terá 302 aerogeradores, explica o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Abastecimento, Mineração e Energias Renováveis, Marllos Sampaio.

Levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) publicado em 2023, colocou o Piauí como estado brasileiro que mais cresceu na geração de energia eólica do país em 2022. De acordo com a estatística, o estado produziu 24,85% a mais de energia eólica do que o ano anterior, 2021. O desempenho piauiense superou em dobro o nacional. De acordo com o levantamento da CCEE, a geração de energia eólica no Brasil cresceu 12,6% no comparativo anual, contra os quase 25% do Piauí.

 

Arte/Divulgação Exame

 


Ventos impulsionam economia em região castigada pela seca

 

O município de Dom Inocêncio localizado no sudoeste piauiense em pleno o semiárido nordestino, tem economia predominantemente voltada aos setores primário e terciário, compreendendo aí as atividades agrícolas, que no município se dá basicamente pela produção sazonal de feijão, milho, mandioca e algodão, e também a prestação de serviços. De acordo com o IBGE, a população é de 9.245 habitantes, sendo quase 90% desse total residente em contexto rural. O município apresenta um IDH de 0,549, o que de acordo com a Organização das Nações Unidas o classifica como um município de baixo desenvolvimento humano. Porém, com a implantação do Parque Eólico Lagoa dos Ventos essa realidade socioeconômica tem recebido forte incremento e melhorado a vida de parcela significativa da população. 

A obra fomenta, ainda, a economia local dos municípios do entorno, contribuindo com o crescimento econômico inclusivo, tanto pela geração de empregos e oportunidades quanto pela implementação de projetos sociais e apoio a comunidades locais voltados para a erradicação da pobreza na região.

Considerando todo o complexo Lagoa dos Ventos, incluindo a nova expansão, foram gerados ao todo cerca de 7 mil empregos, dos quais cerca de 2,8 mil ocupados por trabalhadores locais. Segundo, a Enel Green Power, a estimativa é que as contratações locais no complexo eólico gerem cerca de R$ 25 milhões em renda, beneficiando diretamente a qualidade de vida dos trabalhadores, com impactos na economia local.

Em seu portifólio, a empresa confirma um compromisso com a geração de valor compartilhado nas comunidades em que atua e desenvolve uma série de ações de sustentabilidade baseadas no diálogo com as lideranças locais. Em Lagoa dos Ventos, foram desenvolvidos mais de 75 projetos de educação ambiental, cidadania, saúde, diversidade, cultura e formação profissional, com cerca de 80 mil beneficiados.

“As energias renováveis já se consolidam como uma nova vocação para o Piauí. Apenas com energia limpa, unindo solar fotovoltaica e eólica, o estado produz o dobro da eletricidade de que precisa. Atualmente, o Piauí tem usinas de energia solar em cinco municípios e de energia eólica em outros nove, a maioria localizada no semiárido, onde o IDH é mais baixo, tornando-se uma oportunidade de geração de trabalho, emprego e renda para toda a região e dando ao semiárido uma nova vocação produtiva”, destaca Secretário de Energias Renováveis Marlos Sampaio.

 

Marllos Sampaio, Secretário de Mineração, Petróleo e Energias Renováveis do Estado do Piauí. Foto: Lupa1 

 

O secretário Marllos Sampaio também ressalta que os investimentos na área de energias renováveis serão mantidos. “Estamos trabalhando para que cada vez o Piauí seja atração de empresas. A Sedramer por sua vez não irá poupar esforços para contribuir para que o Piauí alcance e se mantenha na posição de destaque em nível nacional e mundial”, disse.

 

Por; Emanuel Vital

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