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A Dona Petinha não pode morrer

Foto: Divulgação

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Por; Carlos Rubem

 

Oeiras foi sede do governo do Piauí por quase 93 anos (1759 - 1852). Durante este período, a Primeira Capital era dotada de duas fundamentais instituições: o Liceu Piauiense e a Escola de Artífices e Aprendizes.

Com a perda daquele predicamento, tais educandários — numa visão equivocada — foram levados para a Chapada do Corisco, Teresina.

Em que pese o trauma coletivo porque passou em face da transferência da cabeça da então Província do Piauí — com desdobramentos negativos até hoje —, e do seu insulamento geográfico nos Sertões de Dentro, Oeiras sempre se manteve altaneira mormente em seus reconhecidos e diversos aspectos culturais. Aliás, o Piaui tem uma irresgatável dívida com Oeiras!

Dentre o seu patrimônio imaterial, destaca-se a vertente musical. Aqui, ao longo dos anos, já tivemos (temos) várias bandas de músicos.

Nas primeiras décadas do século XX, havia professoras que ensinavam, em especial, a tocar bandolim às moçoilas da cidade, dentre outras, a saber: Araci Carvalho, Morena Tapety, Filoca Carvalho, Maria Queiroz. 

Saraus artísticos eram realizados em casas de famílias, peças sonoras executas nas igrejas, escolas, momentos cívicos, sociais. De sorte que o bandolim sempre foi um instrumento cultuado pela nossa gente de todos os estratos sociais.

Registre-se que em meados do século passado houve um hiato desta simbólica prática artística, por falta de articulação, incentivo.

Não obstante, para as comemorações do 250° aniversário da Igreja de N. Sra. da Vitória (1983), algumas alunas remanescentes daquelas mestras se reuniram para executar um distinto repertório.

A partir de então foi retomada esta prática identitária e vem se mantendo até os presentes dias. 

Tanto assim que foi criado o grupo musical “Bandolins de Oeiras”, formado por cinco senhora da terceira idade (Lilásia Freitas, Petinha Amorim, Zezé Ferreira, Rosário Lemos e Nieta Maranhão), que projetou o nome da antiga Vila da Mocha, Brasil afora em apresentações memoráveis, a exemplo quando as “Meninas”, como eram também conhecidas, receberam, em 2008, no Palácio do Planalto, das mãos do Presidente Lula, a insígnia “Ordem do Mérito Cultural”. 

Note-se: aludido grupo gravou um CD, em 2000, inclusive com valsas de compositores nativos: João Bugyja Brito e Possidônio Queiroz.

Ditas senhoras formaram outros músicos, como os integrantes dos “Novos Bandins de Oeiras”, grupo que também gravou um CD.

Dando continuidade desta tradição, em 2015, o município de criou Núcleos de Cultura em unidades escolares do ensino fundamental. 

No ano seguinte (2016), a Secretaria Estadual de Cultura — SECULT instituiu e vem custeando a Escola de Bandolins Dona Petinha — Orquestra de Bandolins de Oeiras — formada por crianças e adolescentes que, igualmente como os dois grupos acima mencionados, outro CD prensou.

Iniciativa da então Senadora Regina Sousa, por força de lei, Oeiras foi declarada, por merecimento, como a “Capital Nacional do Bandolim”, o que muito nos orgulha e honra.

Atenção: a Escola de Bandolins Dona Petinha necessita, urgentemente, que haja a contratação de um novo professor e de imprescindíveis equipamentos visando melhor cumprir a sua missão pedagógica de formadora e reveladora de novos talentos.

O ensino da música em Oeiras é como plantar uma boa semente em solo fértil: certamente se colherão bons frutos!

 

* Carlor Rubem é Promotor de Justiça aposentado

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