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Romaria da Terra e da Água: um momento de reflexão e cobrança a problemas sociais

Romeiros em oração durante missa na Romaria da Terra e da Água

 Romeiros em oração durante missa na Romaria da Terra e da Água

Foi com missa campal em frente à Catedral de Nossa Senhora da Vitória em Oeiras que se encerrou a décima terceira edição da Romaria da Terra e da Água do Piauí que aconteceu nos dias nos dias 17 e 18 de outubro.

 

O evento realizado pela Regional Nordeste da CNBB-Piauí, composta pelas oito dioceses do estado: Teresina, Bom Jesus, Campo Maior, Floriano, Oeiras, Parnaíba, Picos e São Raimundo Nonato seguiram os ensinamentos do livro de gênese em que a orientação serviu como o tema da Romaria: Terra e Água: direito dos povos, garantia de vida e paz e o lema: “Eu darei essa Terra a tua descendência”.

 

 

Entre outros, o momento objetivou contribuir para a formação política, se propondo também anunciar as experiências de vida daqueles que lutam pelo direito à terra e à água no sentido de implementar políticas públicas voltadas para a reforma agrária e agricultura familiar.

 

Com foco nesse objetivo, a Romaria da Terra e da Água se transformou em um momento de manifestação religiosa que se caracteriza por ser um espaço profético privilegiado, em que fé e vida se misturaram, e o clamor do povo por vida digna, justiça e paz se faz ouvir, por meio de seminários temáticos, caminhada e celebração.

 

Temas polêmicos foram debatidos em seminários

 

Durante os seminários realizados por toda a tarde do sábado,17, os participantes puderam debater sobre temáticas atuais. O Seminário “Canaã” teve como tema: “Deus criou a Terra para sua descendência”. No seminário “Samaria” foi discutido o problema da “Água, fonte de vida para todas as criaturas”. Já o Seminário “Serrado” teve o tema: “Grandes projetos e impactos socioambientais”. O quarto Seminário intitulado “Betânia” ressaltou o tema: “Migração forçada e trabalho escravo ameaçam a vida e a paz”

 

 

No seminário “Samaria”, representantes da Cáritas e da Associação Ambiental de Oeiras, AMO, expuseram as questões sobre o uso racional dos recursos hídricos.

 

O enfoque maior foi dado a situação ambiental de mananciais importantes para a região Vale do Canindé e para todo o estado do Piauí. A situação Ambiental do Riacho Mocha, marco histórico do Piauí e o estágio avançado de assoreamento do Rio Canindé foram evidenciados. O representante do Centro Diocesano são Francisco de Assis, CEFAS, reclamou da situação ambinetal da Lagoa da localidade Feitorias, zona rural de Oeiras. Segundo o técnico uma das maiorias lagoas da região está seca devido aos maus tratos com o reservatório.

 

Para os organizadores desse seminário as políticas públicas não conseguem levar em conta as reais necessidades da população do Vale bem como não contemplam a preservação dos ecossistemas do Riacho Mocha e do Rio Canindé entre outros. Várias proposições foram retiradas ao final do debate para que as autoridades possam dar a real importância para tais fontes de água.

 

“Uma igreja sem fazer opção pelos pobres, não é a igreja de Jesus”

 

Era noite, quando uma aglomeração de Romeiros se concentrou em torno da Igreja de Nossa Senhora do Rosário que se transformou numa tribuna onde as proposições debatidas durante os seminários foram trazidas a todos os presentes. O padre Geraldo Gereon, da paróquia de São Francisco de Assis, deu o tom na tribuna ao fazer duras cobranças sobre a situação da Transnordestina e do Rio Canindé.

 

O padre Geraldo Gereon é famoso nessa região pelos relevantes serviços prestados a comunidades pobres do sertão do Piauí. Ele também é um dos poucos religiosos que não tem medido esforços e, inclusive contrariando o desejo muitos para garantir melhor qualidade de vida ao povo por ele assistido.

 

 

Para o padre os grandes projetos não contemplam a população e, pelo contrário em muitos casos prejudica os sertanejos. “A transnordestina tem causado prejuízos a população. Muitos são os sertanejos que perderam suas terras em processos de desapropriação que não melhorou em nada a vida desses. Foram migalhas dadas a um povo que vive no semiárido em troca de suas terras. Uma igreja sem fazer opção pelos pobres, não é a igreja de Jesus”, reclamou o padre.

 

Romeiros cobram atenção das autoridades sobre questões sociais

 

Por volta de quatro horas da manhã, do domingo,18, uma multidão saiu do morro do leme em caminhada por várias ruas e avenidas de Oeiras. Os romeiros, em sua maioria vestidos de branco, carregavam faixas, cartazes, mudas de plantas em um momento único. A multidão pediu em vários pontos que as autoridades tivessem um olhar mais sensível a questões socais como a reforma política, melhoria na saúde da população e a preservação ambiental.

 

 

Durante a caminhada algumas paradas em que os grupos organizados se manifestaram com um desejo de    cobrar das autoridades. Na ponte Zacarias de Góes um número organizado pela Associação Ambiental de Oeiras chamou a atenção para a situação de degradação ambiental do Riacho Mocha, marco histórico do Piauí.

 

O Ator Chico Carbó encarnou um personagem que fazia alusão ao dano ambiental do Riacho Mocha. Chamou atenção em sua performance que foi aplaudida, o derramamento de água dos rios, Itaim, Canindé e Parnaíba.

 

 

O ambientalista Rogério Newton aproveitou para lembrar sobre um loteamento que existe ás margens do Riacho Mocha. O ambientalista chamou a atenção ao dizer que o empreendimento segue irregular. A caminhada passou também por terreno do loteamento em questão.

 

A 13ª Romaria da Terra e da água do Piauí funcionou como uma celebração de pessoas que vários rincões do Piauí que buscavam um espaço para a oração, o debate e também demonstrar insatisfação a mazelas sociais.

 

 

 

Baseado no Papa Francisco, uma oração pela Terra e pela Água

 

Deus de amor,
Sois a origem e o esplendor da criação.
Mostrai-nos o nosso lugar neste mundo,
como instrumentos do vosso carinho
por todos os seres da terra,
porque nenhum deles sequer
é esquecido por Vós.

Derramai em nós a força do vosso amor
para cuidarmos da Terra e da Água,
dádivas de vossas mãos generosas
“Direito dos povos
e garantia de vida e Vida e Paz”.

Iluminai os detentores do poder e do dinheiro
para que não caiam no pecado da indiferença,
amem o bem comum, promovam os pequenos,
e cuidem deste mundo que habitamos.

Os pobres e a terra estão bradando:
Senhor, tomai-nos
sob o vosso poder e a vossa luz,
para proteger cada vida,
para preparar um futuro melhor,
para que venha o vosso Reino
de justiça, paz, amor e beleza.
Louvado sejais! Amém.

 

(Baseada na Oração pela nossa terra, do Papa Francisco)

 

 

Para dom Juarez, a Romaria da Terra e da Água do Piauí é um evento religioso e profético. Segundo o Bispo da Diocese de Oeiras, Dom Juarez da Silva, a Romaria é um movimento religioso, na qual se manifestam os anseios do povo e se mesclam a vida e também a fé dos romeiros. “Este é um evento que aguça a nossa sensibilidade profética, que nos chama para o anúncio do reino de Deus, da justiça e também para a denúncia daquilo que é contra a vida. Sobretudo no que diz respeito à terra e à água que são dons de Deus e direito de todos, em favor da vida, em favor da paz para todos. É preciso lutar contra todas as forças que sucumbem à vida, tendo como razão de nossa fé e esperança, Jesus”, disse Dom Juarez.

 

A 13ª Romaria da Terra e da água do Piauí terminou como uma celebração de pessoas que vários rincões do Piauí que buscavam um espaço para a oração, o debate e também demonstrar insatisfação a mazelas sociais. O evento é uma realização da CNBB NE 04 e já acontece há aproximadamente trinta anos.

 

 

A Romaria da Terra e da Agua do Piauí teve o apoio de entidades como o Fórum de Convivência com o Semiárido, Pastorais Sociais pertencentes ao regional NE 4 CNBB, a Federação dos Trabalhadores em Agricultura (Fetag), Obra Kolping, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Cáritas e Sindicato dos Trabalhadores Rurais, OAB/Oeiras, AMO.

 

Emanuel Vital

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