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Servidora do Detran do Piauí de 70 anos está há seis dias em greve de fome

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

 Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

A funcionária pública do Detran, Maria Cecília Vieira Cardoso, de 70 anos, está há seis dias em greve de fome reivindicando a implementação de um Plano de Cargos e Salários que foi entregue no dia 9 de novembro de 2021 no Palácio de Karnak, mas não foi encaminhado para a Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi).

Há seis dias em greve de fome, a funcionária já começou a sentir os efeitos, como tontura, fraqueza e mal estar. Ela afirmou que está apenas tomando água, e que até o momento não foi procurada por nenhum representante do governo.

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Apesar de saber os riscos, Maria Cecília disse que essa é a forma que encontrou para chamar a atenção do governo. Ela trabalha há 44 anos como auxiliar de trânsito no Detran e ainda falta cinco anos para dar entrada na sua aposentadoria.

Em 2013, ela chegou a fazer a mesma coisa, ficou 5 dias em greve de fome, até que conseguiu fazer com que o então governador Wilson Martins (PSB) se comprometesse com a elaboração do plano de cargos e salários.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

Maria Cecília e amigos que trabalham no Detran

“Na época do Wilson Martins eu fiz a greve de fome e foi a única maneira dele receber o sindicato. Fiquei até o quinto dia, e foi quando a Teresa Brito foi atrás de um desembargador, para ele falar com o Wilson Martins, porque se eu morresse, ele iria responder criminalmente. Foi quando ele recebeu o sindicato, na meia noite do quinto dia e ele assinou. Então esse plano de cargo e salário vem sendo trabalhado desde 2013, para colocar todas as classes”, explicou a idosa.

Ela disse que entende que a atitude que está tomando é considerada drástica, mas explicou que faz isso em prol de todos os funcionários.

“Todo mundo está preocupado comigo, mas eu estou fazendo isso por mim e pelos outros. Eu tenho 44 anos de Detran e só ganho R$ 2.400, e temos uma vida aqui dentro trabalhando. Então estou fazendo não só para mim, mas para todos meus colegas”, destacou.

Maria Cecília disse que com o plano, todos os funcionários vão ter os seus direitos estabelecidos em lei. “Esse plano vai envolver todos os funcionários, pois somos 528, entre efetivos e aposentados. Eles [do governo] não querem providenciar isso, porque querem colocar terceirizados. O único concurso do Detran foi de 1973”, lamentou.

Segundo a idosa, até o momento nenhum político ou representante do governo procurou sindicato para tratar sobre o assunto. Maria Cecília está acampada na capela do Detran, onde está dormindo, sempre na companhia de algum amigo.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

Arthur Cardoso acompanha a mãe

O filho de Maria Cecília, Arthur Cardoso, de 38 anos, acompanha de perto a situação. Ele afirmou que está preocupado com a situação da sua mãe e criticou a falta de posicionamento do governo para solucionar logo a questão.

“Ela é idosa, então ela não pode e não tem estrutura física para fazer esse tipo de coisa e não se tem atenção por parte do estado, em relação à saúde dela. Não mandaram ninguém verificar como ela está. Então tudo isso, o órgão tem responsabilidade. Apesar da greve ser voluntária, é um direito válido. Fico preocupado pela saúde dela, mas é válido o seu posicionamento”, afirmou.

Reivindicações 

O agente de trânsito Agostinho Machado, explicou que a categoria também questiona do governo a falta de pagamento há seis meses da gratificação variável, no valor de R$ 1.250, que era paga de três em três meses.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

Agente de trânsito Agostinho Machado

Outro ponto questionado pela categoria é o fato dos agentes de trânsito não receberam um adicional de periculosidade.

“A nossa reivindicação vem desde 2013, quando ela fez a primeira greve de fome. O governo de lá para cá não tem atendido as reivindicações da categoria. Temos direito a um incremento com base na arrecadação do Detran, que é o segundo órgão que mais arrecada no estado, e essa gratificação não vem sendo cumprida para mais de 300 funcionários, há seis meses. Era de três em três meses, mas agora queremos todo mês. Sem contar que os agentes de trânsito, o Detran do Piauí é o único estado da federação que não paga o adicional de periculosidade, então um descaso que o governo tem com os servidores”, lamentou.

Nota do Detran

Em nota o Detran informou que já deu encaminhamento a algumas da reivindicações da categoria e que o plano de cargos e salários está sendo analisado pelo setor jurídico do governo.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

Sede do Detran em Teresina

O Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PI) reconhece o direito de manifestação de cada cidadão e da classe, no entanto, é importante pontuar os avanços nos pleitos da categoria, como o encaminhamento para a Alepi, de projeto de lei que trata sobre o incremento e aumento salarial para os servidores. O projeto já encontra-se na Assembléia Legislativa aguardando os trâmites da casa para aprovação e posterior implementação. O Plano de cargos e carreiras está em análise no setor jurídico da Secretaria de Governo que, após apreciação dará os encaminhamentos necessários. Prezamos pelo bem-estar dos nossos servidores e aguardamos para que tudo se resolva de forma respeitosa e sem maiores contratempos.


Cidadeverde.com

Emanuel Vital

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