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Albino Apolinário, a intensidade do homem veio do nome. Por; Emanuel Vital

Albino Apolinário. Foto: Emanuel Vital

 Albino Apolinário. Foto: Emanuel Vital

Foi muito de repente, nós não esperávamos que fosse tão agora, tão depressa. Mas, questionar os desígnios de Deus não é inteligente, o cristão deve aceita-los.

A prévia referência, é, ao oeirense nascido em 15 de setembro de 1933, filho de Celecina Apolinário (In memoriam) e batizado como Albino Apolinário de Sousa. Um Albino, mas era preto, do Rosário, seu torrão natal, onde nasceu, viveu e faleceu representando-o com alta envergadura.

Com sua esposa, Maria Vitória, constitui numerosa prole com 13 filhos, 23 netos e 08 bisnetos. Todos a sentir e chorar sua falta. Pelos ensinamentos, pelas lições de vida, as vezes pelo jeito rude, pelas brincadeiras, pela voz firme e volumosas gargalhadas.

Albino Apolinário, mas poderia se chamar, Senhor trabalho. Era o que ele mais gostava de fazer, trabalhar. Não escondia a satisfação laboral do dia a dia. Não escolhia qual; era o que lhe aparecia e a necessidade obrigava fazer, como ele mesmo afirmara. Por isso, fez de tudo um pouco.

A Oeiras, deu sua contribuiu significativamente. Em tempos em que geladeira era objeto de luxo, Albino ajudou sobretudo as famílias mais carentes da cidade com produção e comercialização de sua geladeira artesanal, mais econômica, e que propiciava água fria e com sabor peculiar, o pote de barro. Com essa atividade, o artesão arrebanhou grande leva ao estudo de sua profissão. Entre os interessados, professores, estudantes, pesquisadores, turistas e gente do povo que foi à sua barraca de artesanato. Lá, junto com sua família, no seu velho torno de madeira rústica emoldurava o barro e confeccionava diversidade de peças. Da quartinha ao pote, da panela ao jarro, da cuscuzeira ao alguidar, uma sociedade fora marcada por sua arte.

Mesmo com pouco estudo, orientou os seus ao zelo pelos livros. Particularmente gostava de trabalhar com números. Se garantia na matemática. Fazer contas, ‘de cabeça’ era um estímulo. Se dizia um matemático. E a quem assim como ele, gostasse de ‘tirar contas’, ou demonstrasse saber mais aguçado logo proclamava como: Oswald de Souza, uma referência ao grande matemático brasileiro.

A vida, era vivenciada como se vinte e quatro horas não fossem o suficiente. Era a intensidade em pessoa. Só agora após sua passagem, o entendimento de onde vinha tamanha força; do próprio nome, Albino. Em busca pelo significado descobre-se que pessoas assim denominadas além de independentes, gosta de ser original, criativo e costuma ser muito trabalhadora. Tem coragem e uma liderança natural. Está constantemente buscando o poder. É capaz de atuar de maneira autoritária. Trabalha duro para atingir os objetivos que se propõe a realizar.

Por isso, ficou evidente, por que a regra, era não parar. Ir sempre à rua, visitar amigos, lida na roça, um concerto aqui e ali, missa aos domingos, um faz isso, faz aquilo, sempre o fez um homem que parecia não poder parar. Ele não queria parar. Mesmo aos 88 anos, sempre afirmava ter vivido pouco, queria mais, sempre mais. Por isso, foi chocante, quase inacreditável, mais que tudo, triste, vê-lo estático em urna funerária.  Parecia que aquele momento, não era seu.

Defensor ferrenho dos seus; era amigo dos amigos e honrador da palavra dispensada. Resta-nos a lembrança doída e o bom exemplo ensinado. E a certeza de que sua estada na terra não poderia ter sido diferente, afinal por ser Albino, tinha que ser assim, um octogenário intenso.

Há vovô, quantas saudades! Hoje ao completar um ano do seu falecimento, resta a lembrança de vê-lo chegar em casa pilotando sua moto; de estar sempre alinhado e usando seu inseparável chapéu de massa; resta a saudade da palavra amiga e ao mesmo tempo destemida; a saudade do pai, avô, tio, amigo, da referência do bairro Rosário, Albino Apolinário.

 

*Emanuel Vital de Sousa é professor de Geografia em Oeiras. Neto de Albino Apolinário.  

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