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Em artigo na Folha, Ciro sinaliza boas relações, mas com críticas ao governo

Diz o senador que é importante esclarecer o papel da oposição a um governo de esquerda

Ciro Nogueira

 Ciro Nogueira

Em um artigo que leva a assinatura dele, publicado nesta quarta-feira na Folha de São Paulo, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos mais ácidos críticos do governo Lula, afirma que muitas das pautas da gestão em curso no país recebem apoio de agrupamentos e partidos de esquerda porque estão em linha com um pensamento econômico liberal. 

“Não somos o PT e não temos que imitar um dos piores aspectos da esquerda: mudar de opinião de acordo com sua posição de poder. O PT teria ficado contra as mesmas reformas que propôs, se Bolsonaro tivesse ganhado a eleição: tributária, arcabouço”, disse o senador piauiense, que foi ministro da Casa Civil do ex-presidente Bolsonaro, e de que quem tem sido um intransigente defensor.

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No texto publicado na Folha, o senador ressalta que os agrupamentos políticos com os quais ele tem afinidade têm “razões, sim, para acreditar no Brasil, seja qual for a crítica que tenhamos ao atual governo.”

Assim, no contexto atual, entende o senador que “é importante esclarecer o papel da oposição a um governo de esquerda, levando em conta o interesse nacional, o povo brasileiro e a inserção internacional do Brasil. Ser direita não é ser antiesquerda.”

Isso faria, ao ver de Ciro Nogueira, com que o campo político e ideológico de direita não seja tã-somente um polo oposto:

“Não somos conservadores contra ninguém, mas a favor das convicções que temos de que a experiência histórica mostra que o centralismo estatal, o excesso de burocracia, o desestímulo e sobrecarga à livre iniciativa já se comprovaram saídas que levaram à estagnação e à pobreza, enquanto um capitalismo sob controle de regras de um Estado regulador forte é a experiência humana que produziu o melhor resultado para as sociedades em que foi adotado.”

Veja abaixo a íntegra do artigo “Direita é ser direita e não antiesquerda”, com assinatura de Ciro Nogueira, publicado na Folha de S Paulo:

Na teoria do copo meio cheio ou meio vazio, podemos ver a realidade política do Brasil igualmente com otimismo ou pessimismo. Mas olhando a política e as instituições de um ponto de vista menos apaixonado, temos razões, sim, para acreditar no Brasil, seja qual for a crítica que tenhamos ao atual governo.

O fato é que saímos de uma eleição extremamente polarizada, que dividiu o país, e ainda assim a transição de poder se fez de acordo com todos os ritos. Não é pouca coisa. É um sinal maiúsculo de maturidade institucional e de segurança jurídica e social do país, ativo valiosíssimo na emergência de uma nova geopolítica mundial que induzirá a realocação de capitais dos destinos antes "seguros" para novos polos de atração.

O Brasil não pode desperdiçar essa janela de oportunidade. E, nesse sentido, é importante esclarecer o papel da oposição a um governo de esquerda, levando em conta o interesse nacional, o povo brasileiro e a inserção internacional do Brasil. Ser direita não é ser antiesquerda.

Ou seja, não somos conservadores contra ninguém, mas a favor das convicções que temos de que a experiência histórica mostra que o centralismo estatal, o excesso de burocracia, o desestímulo e sobrecarga à livre iniciativa já se comprovaram saídas que levaram à estagnação e à pobreza, enquanto um capitalismo sob controle de regras de um Estado regulador forte é a experiência humana que produziu o melhor resultado para as sociedades em que foi adotado.

Durante muito tempo, a esquerda tentou capturar ideias conservadoras como se fossem dela. O maior exemplo é o "imposto de renda negativo", chamado de Auxílio Brasil ou Bolsa Família. Uma ideia do capitalismo liberal, esquerdizada pela propaganda. Não à toa o maior programa social de todos os tempos do Brasil foi feito num governo conservador, de Bolsonaro, durante a maior pandemia da humanidade. Aceitem que dói menos.

É por isso que tenho levantado uma reflexão sobre o que é ser conservador e oposição hoje. Não somos o PT e não temos que imitar um dos piores aspectos da esquerda: mudar de opinião de acordo com sua posição de poder. O PT teria ficado contra as mesmas reformas que propôs, se Bolsonaro tivesse ganhado a eleição: tributária, arcabouço.
Temos de colocar em prática nossas ideias, de preferência no governo. Mas temos de demonstrar que não praticamos a mesquinhez da esquerda, de sabotar governos apenas pela sede de poder. Essa deve ser a nossa diferença. O nome disso não é ingenuidade, nem adesismo (vamos aderir a nós mesmos? Ou será que são eles que estão, na realidade, aderindo a nós?).

O nome disso é coerência. O governo Lula está aí. E há toda uma série de pontos que não merecem respaldo, como o apoio a ditaduras e ditadores, uma política externa que se pretende altiva, mas parece mais concentrada em retóricas antiquadas e tentativas de retrocessos.

Ninguém pode dizer como o governo Lula irá terminar. Mas ninguém, do mesmo modo, poderá culpar a oposição por tê-lo sabotado ou inviabilizado. Todas as propostas corretas do governo serão, em princípio, avaliadas com isenção.
Ser oposição não é tirar uma licença para ser irresponsável. Temos compromissos com o país e errar de propósito, como a esquerda já fez quando oposição, não é a oposição de que o Brasil precisa. Não fazemos política porque somos contra. Mas porque somos a favor daquilo em que acreditamos.

 

Fonte: Com informações da Folha de São Paulo

Fonte: Portal AZ

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