Receber notificações
  Facebook
  RSS
  Whatsapp

Crônica: Nos caminhos do Bom Jesus. Por; Emanuel Vital

 

POR; EMANUEL VITAL

 

Como em poucos lugares, uma reverência a Jesus Cristo é tão fervorosamente celebrada como na procissão de Bom Jesus dos Passos em Oeiras.
 

Na quinta-feira dita de Passos, a via sacra começa com a fugida do Cristo, representada pela ida da imagem Santa em procissão, da Catedral de Nossa Senhora da Vitória em destino à 'doce colina', onde a imagem do Bom Jesus fica na Igreja de Nossa Senhora do Rosário durante toda à noite da quinta, e todo o dia da sexta-feira.

No início da manhã de sexta-feira, é celebrada a missa do Bom Jesus. Após a celebração, acontece a visitação ao Santo pelos romeiros de todas as partes do Piauí e algumas do Brasil. Ao meio dia, acontece o ofício dos passos; Igreja do Rosário completamente lotada de fiéis.

O reinicio da via sacra acontece por volta das dezessete horas, quando uma multidão que se forma dentro e fora da Igreja do Rosário segue em procissão pelos 'passos' e becos da velha cap. Descendo do andor negro, a imagem para no primeiro 'passo' para ouvir o bonito lamento de Maria Beú. Seguindo o trajeto, uma parte de chão batido não é obstáculo para os pés descalços de sandálias, mas calçados da fé que anima o sertanejo, e só para no 'passo' do Sobrado Major Selemérico a aguardar pela oportunidade de adquirir a impar 'flor do Bom Jesus'.

Rua da cadeia, ponte sobre o Pouca Vergonha e Rua do Fogo. Nesta, a aglomeração é tamanha que praticamente fica-se inerte. Mais um 'passo', mais flores, e o ponto alto acontece com o encontro das imagens do Bom Jesus e de Nossa Senhora das Dores.

Nesse momento, a Praça das Vitórias completamente tomada de pés, cruzes, pedras, velas, flores, de roxo e de muita fé, acompanha a homilia do sermão do encontro. Terminado esse momento único, segue-se da Vitória ao 'passo do engano'. Três voltas dá a imagem do Bom Jesus dos Passos, num gesto que lembra a tentativa do Cristo de escapar dos seus perseguidores.

Após essa bela evolução, mais romeiros, mais flores, e mais uma vez o canto de Maria Beú, é o 'passo da Praça da Bandeira'. A procissão agora entorna os casarões e prédios históricos de tão belo acervo arquitetônico, até chegar ao entorno da Matriz primeira dessas terras mafrensinas, onde esse último passo não representou o fim, mais renovou a fé e esperança da Semana que se inicia no Domingo de Ramos.


*EMANUEL VITAL DE SOUSA, é professor de Geografia em Oeiras

Crônica originalmente publicada no Jornal Diário do Povo em 14 de março de 2008.

Mais de Ponto de Vista!