A Polícia Federal de Brasília realizou na manhã desta terça-feira (14) mandados de buscas e apreensão nas residências dos senadores Ciro Nogueira (PP), Fernando Collor (PTB-AL), do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), e na casa do ex-ministro e ex-deputado Mário Negromonte (PP-BA), na Bahia.
As buscas foram realizadas na residência em Brasília do senador piauiense e presidente nacional do PP. Faz parte da operação Politeia, um desdobramento da Lava Jato, com execução de mandados de busca e apreensão em casas de políticos.
Segundo a imprensa nacional, serão 53 mandados para cumprir, autorizados pelos ministros Teori Zavascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os mandados fazem parte de seis inquéritos do Supremo que investigam políticos dentro da operação Lava Jato.
Segundo a polícia, o objetivo é evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados. As buscas ocorrem na residência de investigados, em seus endereços funcionais, sedes de empresas, em escritórios de advocacia e órgãos públicos.
A BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras, também foi alvo da operação.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências de Collor em Brasília e em Alagoas. Os policiais também foram à TV Gazeta, afiliada da TV Globo no Estado nordestino, que pertence à família de Collor; ele é um dos principais acionistas.
De acordo com a investigação, o ex-presidente foi citado na delação premiada do doleiro Alberto Youssef como um dos beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras.
Pelo levantamento da Folha, o empreiteiro afirma ter pago R$ 20 milhões a Collor entre 2010 e 2012 em troca da influência do senador em negócios com a BR Distribuidora e R$ 2 milhões a Nogueira.
Politeia é o nome dado pelo filósofo ateniense Platão à ideia de uma cidade em que as virtudes éticas deveriam imperar sobre a corrupção, como citado em seu clássico "A República".
Cerca de 250 policiais federais participam da ação.
Em nota divulgada nesta terça, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que a operação tem como objetivo garantir a apreensão de bens adquiridos com supostas práticas criminosas.
"As medidas são necessárias ao esclarecimento dos fatos investigados no âmbito do STF, sendo que algumas se destinaram a garantir a apreensão de bens adquiridos com possível prática criminosa e outras a resguardar provas relevantes que poderiam ser destruídas caso não fossem apreendidas", afirmou o procurador-geral.
Advogado de Ciro, Antonio Carlos de Almeida Castro, falou a Folha de São Paulo e disse que a busca era desnecessária.
"O senador se colocou à disposição, ofereceu seus sigilos, prestou depoimento. Infelizmente no Brasil de hoje os atos invasivos passam a ser a regra", disse.
Folhaonline
Emanuel Vital
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